É uma vigília sem velas. Às 18h30 desta terça-feira encontravam-se quatro tendas no Parque das Nações e uma quinta a ser erguida, perto do local onde decorre a Conferência dos Oceanos. Há bandeiras com punhos cerrados em riste que desembocam em lápis à entrada das tendas, uma trotinete elétrica parada junto a uma das pernas do homem-sol, e no chão estão pousados panos com gritos de guerra “fim ao fóssil” e “há fosseis no governo”. Têm em cima latas de tinta que não deixam que o vento leve a mensagem para longe. Mas os gritos não são vocalizados pelo altifalante, que se mantém pousado no chão. Há pouco movimento na zona e a Greve Climática Estudantil (GCE) – que convocou a vigília pelo clima – opta por explicar individualmente às poucas pessoas que vão passando aquilo que defende.
Em comunicado, o grupo mostra-se contra a “presença de líderes fósseis mundiais e nacionais” na conferência das Nações Unidas (ONU) e acusa os líderes políticos de “incoerência”. “Não podem simplesmente ‘pedir desculpa’ e prosseguir com uma conferência repleta de palavras vazias”, afirma em comunicado Alice Gato, ativista da GCE e estudante da Nova FCSH.
António Assunção, também da GCE, aponta o dedo ao percurso do ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva, pelo tempo de vida profissional ligado a “empresas fósseis”. “Ainda hoje, após escrever relatórios sobre a transição e a economia verde e azul, na realidade a única economia que ele defende é a economia preta do petróleo. Em maio, no governo, disse que empresas que estivessem interessadas podiam vir falar com ele para reabrir projetos de exploração de gás no oceano, no Algarve. Toda esta incongruência é completamente absurda e estamos aqui a protestar isso, além de toda a hipocrisia de todos os anos haver milhares de conferências sobre como salvar os oceanos, as florestas, o clima e nada acontecer na realidade porque estas pessoas estão todas dependentes de dinheiro fóssil”, diz ao Expresso.
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