África

Sudão: confrontos obrigaram mais de 700 mil pessoas a fugir do país desde 15 de abril

Várias pessoas entram num avião deixando para trás território sudanês
Várias pessoas entram num avião deixando para trás território sudanês
REUTERS

As hostilidades eclodiram em 15 de abril, após semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição

Os violentos confrontos no Sudão, que começaram em 15 de abril, obrigaram mais de 700.000 pessoas a fugir do país, o dobro do número registado há uma semana, anunciou hoje a ONU.

"Este número é mais do dobro do número de pessoas deslocadas internamente" contabilizado na passada terça-feira, disse Paul Dillon, porta-voz da Organização Internacional das Migrações (OIM).

O conflito no Sudão opõe o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês).

As hostilidades eclodiram em 15 de abril, após semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.

Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.

Líder do exército do Sudão nenhuma solução vai legitimar as forças paramilitares

O líder do exército do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, disse hoje que nenhuma solução para o conflito vai legitimar o grupo paramilitar Força de Apoio Rápido (RSF) e que a solução deve ser árabe ou africana.

"Queremos uma iniciativa verdadeira que devolva a normalidade à vida dos sudaneses, não uma proposta incompleta que trave os combates durante um tempo limitado e dê legitimidade a uma parte", disse Al-Burhan em entrevista à televisão estatal egípcia Al Qahera News, difundida pelos meios de comunicação sudaneses e citada pela agência espanhola de notícias, a Efe.

Al-Burhan referia-se ao diálogo indireto que existe entre o Exército e as RSF desde o passado sábado, em total secretismo, na cidade portuária saudita de Yeda para abordar "temas humanitários", no âmbito da mediação da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, países que mediaram também várias tréguas desde o início dos combates, que subiram significativamente de tom desde 15 de abril.

Agradecendo "o esforços da Arábia Saudita e dos Estados Unidos", al-Burhan insistiu que "não serão aceites iniciativas que não devolvam a normalidade à vida dos sudaneses" e não explicou se em cima da mesa estão outros temas para além das questões humanitárias.

"Damos as boas-vindas às iniciativas árabes e africanas; são os mais próximos de nós e os que melhor compreendem a natureza dos nossos problemas", salientou.

A ronda de conversações em Yeda, em que participa também a ONU, tem como principal objetivo conseguir um cessar-fogo que permita o fluxo de ajuda aos sudaneses, um país mergulhado numa catástrofe humanitária.

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