Orçamento do Estado

Ministro da Economia rejeita entendimento com o PSD para aprovar o OE e pressiona a esquerda: “eleitores de BE e PCP” não entenderiam chumbo

Ministro da Economia rejeita entendimento com o PSD para aprovar o OE e pressiona a esquerda: “eleitores de BE e PCP” não entenderiam chumbo
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

“Fomos incluindo algumas matérias que correspondiam às preocupações desses partidos [PCP e BE]. O Governo leva a sério este processo negocial e mantém toda a disponibilidade para escutar”

Pedro Siza Vieira pressionou esta quarta-feira à noite o Bloco e o PCP para aprovarem - ou pelo menos viabilizarem - o Orçamento do Estado para 2022. Em entrevista à RTP, o ministro de Estado, da Economia e da Transição digital considerou “ser muito difícil” que cada um desses partidos seja capaz de explicar ao respetivo eleitorado o motivo de um eventual chumbo.

Por outro lado, questionado sobre se pedir ajuda aos sociais-democratas era uma carta fora do baralho, Siza Vieira respondeu assim: “Nem neste momento vejo porque se justifique [essa carta]. Vamos tentar fazer o que fizemos em percursos anteriores”.

Para o ministro, o que é agora necessário fazer é repetir o que já foi feito nos anos anteriores, recorrendo à esquerda para viabilizar o Orçamento. “Portugal tem tido a capacidade de ter no Parlamento uma maioria de deputados que corresponde a uma maioria sociológica do país”, disse. E, admitindo que “há esforços” que ainda podem ser feitos, Siza Vieira continuou: “Tenho a absoluta convicção de que os eleitores destes três partidos [PS, Bloco e PCP] não perceberiam se estes partidos não fossem capazes de viabilizar uma proposta de Orçamento. Seguramente seria muito difícil explicar isso ao eleitorado”.

As negociações com os vários partidos, sublinhou, começaram em julho e desde essa altura que o Governo sabe “quais o pontos que os partidos sinalizavam”, dando como exemplo a exigência do Bloco de Esquerda em criar mais dois escalões de IRS. “Fomos incluindo algumas matérias que correspondiam às preocupações desses partidos. O Governo leva a sério este processo negocial e mantém toda a disponibilidade para escutar todos os partidos. Ao mesmo tempo leva a a sério as mensagens e os sinais que os partidos nos vão passando. Não me parece que se trate de um ritual com desfecho certo”, considerou, reassegurando que “todos os partidos estão de forma séria” a participar nesta que é a negociação de “uma boa proposta” de Orçamento.

Confrontado ainda com notícias de que a negociação do OE tinha sido difícil dentro do próprio Executivo, Siza Vieira prometeu ser “totalmente franco”. “Eu já trabalhei com dois ministros das Finanças e sobre qualquer um deles as pessoas já disseram que eles estavam sozinhos. Aquilo que me recordo quando era um cidadão normal e não fazia parte do Governo é que toda a gente dizia que Vítor Gaspar era uma pessoa intratável e sozinha, que Sousa Franco não falava com ninguém. Acho que é da sina dos ministros das Finanças ter estas discussões vivas com os seus colegas de Governo mas no final do dia temos uma proposta de Orçamento em que o Governo se reconhece, que é uma boa proposta de Orçamento para o país e que é uma boa base para continuarmos o trabalho do seu aperfeiçoamento até à aprovação final.”

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